A fisiologia do exercício estuda o mecanismo da fadiga desde o século 19, sendo este um dos primeiros aspectos pesquisados pelas ciências do esporte.
Existe uma definição que caracteriza a fadiga como um fenômeno subdividido em dois componentes. A fadiga periférica e a fadiga central. Ambas as informações são processadas em uma área do cérebro que origina a sensação de fadiga. Desta área existe um comando motor que influencia diretamente o controle dos movimentos, ou seja, o próprio desempenho físico.
A fadiga periférica tem origem nas informações provenientes dos músculos e articulações e está relacionada ao acúmulo de metabólitos (por exemplo o ácido láctico), ao esgotamentos das reservas de energia, ao aumento da temperatura, etc, ou seja, tem relação direta com a atividade contráctil e metabólica dos músculos. Podemos entender que o cérebro detecta o cansaço muscular.
A fadiga central é o resultado de uma alteração de mediadores químicos cerebrais que intermedia a percepção de um cansaço de origem “neurológica”, com influencia de substâncias sintetizadas no sistema nervoso central. Este componente tem inclusive influência psicológica.
No último congresso do Colégio Americano de Medicina Esportiva, presenciamos uma sessão científica que abordou a influência de um mecanismo surpreendente relacionado ao mecanismo de fadiga. O procedimento é denominado “mouth rinse” que poderíamos traduzir por “bochechar”. O procedimento é caracterizado pelo uso de uma solução com carboidrato em concentração de 8 a 10% que é usado para bochechar durante 5 a 10 segundos.
O incrível é que vários estudos científicos rigorosamente controlados detectaram que este procedimento era capaz de melhorar o desempenho em exercícios físicos que tinham a duração aproximada de uma hora. Nos estudos apresentados a performance melhorava de 3 a até 12%.
A explicação é que na mucosa bucal existem receptores sensíveis ao carboidrato e que quando se bochechava com estas soluções, desencadeavam-se informações aferentes para o centro da fadiga, atenuando a percepção da fadiga central.
Este mecanismo potencializa o comando motor e melhora o desempenho. Trata-se uma evidência nova e que certamente vai originar ainda muitos estudos, mas com certeza é uma informação que pode proporcionar resultados práticos muito interessantes.
Dr. Turíbio Barros